Maria João Gameiro Oliveira, Enfermeira

O autocuidado é essencial na manutenção das doenças crónicas, a longo prazo, sendo um dos elementos-chave dos cuidados de saúde. As orientações sobre as doenças crónicas enfatizam a importância da educação do paciente sobre a adesão ao tratamento, mudanças no estilo de vida, monitorização de sintomas e resposta adequada a uma possível deterioração do estado de saúde. As recomendações para uma alimentação saudável, atividade física regular, adesão à medicação, manutenção do estado psicológico, hábitos de sono, lazer, viagens, tabagismo, imunização (vacinas) e prevenção de infeções, juntamente com a monitorização e gestão de sintomas, são cruciais para uma boa manutenção das doenças crónicas, segundo evidências recentes e opinião de especialistas.

No contexto de doença crónica, para que o paciente seja o elemento central, deve ser capaz de discutir as suas próprias ideias sobre ações de autocuidado, incluindo a gestão do estilo de vida com um profissional de saúde que tenha tempo e esteja disposto a ouvir. Intervenções centradas no paciente, como intervenções direcionadas para aumentar a participação do paciente na gestão da sua doença crónica demonstraram afetar o autocuidado e o auto-comportamento da diabetes, por exemplo. Os enfermeiros demonstram ter um papel efetivo na educação dos pacientes e na facilitação da adesão ao tratamento. Os pacientes consideram que os enfermeiros estão mais acessíveis e alguns estudos mostraram que, quando dada a possibilidade de escolha, os pacientes são mais propensos a entrar em contato com um enfermeiro do que com um médico, em relação aos seus cuidados.

Nestes encontros são fornecidas informações importantes sobre o autocuidado na gestão da doença crónica, podendo incluir o uso de um guia sobre a doença em questão, o uso de planos de cuidados, a estrutura do tratamento usando listas de verificação, educação para a saúde e apoio, promovendo a gestão do autocuidado de várias formas. O profissional de saúde informa e tranquiliza os pacientes e também as suas famílias, que são também elementos fundamentais nos autocuidados do paciente.

Nas últimas duas décadas houve uma grande mudança na gestão dessas doenças com maior enfoque nos cuidados domiciliários e realizados por um grupo de pessoas constituído não somente por profissionais de saúde, mas também familiares ou amigos. Melhorar as competências de automonitorização da doença nessas pessoas é cada vez mais uma preocupação para a saúde global.

A gestão do autocuidado dos pacientes envolve a gestão social e médica. Os profissionais de saúde precisam de conhecer e valorizar as visões e experiências dos pacientes para fortalecer a gestão do seu autocuidado.

Os autocuidados na gestão das doenças crónicas levam à alteração dos padrões típicos de doença, promovendo a mudança de foco na cura, dando mais importância à prevenção. A autogestão da doença crónica, realizada por meio de programas de educação, está associada à redução do número de hospitalizações e de ocorrências à urgência, e, de uma forma geral, à redução dos custos associados com os cuidados de saúde nessas pessoas.

As pessoas portadoras de doença crónica descrevem o processo de autocuidado como transformador em termos de sentimentos acerca delas próprias e de recuperação de um sentido de vida. Permite-lhes caminhar com um sentido de futuro. É também muito importante que os profissionais de saúde permaneçam conscientes dessa perceção, pois eles interagem com as pessoas e essa interação reconhece e reforça a capacidade das pessoas e a sua autoestima no desempenho e nas tomadas de decisão para as ações de autocuidado. Todavia, existem barreiras à realização do autocuidado nas pessoas portadoras de doença crónica tais como as limitações físicas, o desconhecimento da situação, os constrangimentos financeiros, as dificuldades logísticas, as necessidades sociais e emocionais, os múltiplos problemas com a terapêutica e as complicações das comorbilidades.

Referências bibliográficas:

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